A mulher que construiu os pianos de Beethoven

Você sabia que esse ano comemora-se 250 anos do nascimento de Beethoven? O compositor nasceu em 1770 na Alemanha. Por conta da data tão especial diversas organizações culturais estão publicando e organizando conteúdos sobre sua obra. Dessa vez vamos falar de uma figura que conviveu com Beethoven e é pouco lembrada na história da música: Nannette Streicher, construtora de pianos.

O Morgan Library and Museum possui parte do manuscrito original da sonata “Hammerklavier”de Beethoven. Na margem do documento, o editor britânico Vincent Novello comenta que recebeu a obra de um dos mais antigos e sinceros amigos de Beethoven, Sr. Streiker.

Nannette Streicher foi uma figura marginalizada pela história, enquanto, na verdade, foi uma das amigas mais próximas de Beethoven. Ela tinha sua própria companhia e empregou seu marido, Andreas Streicher, um pianista e professor, dando a ele as funções de negociante, contador e tratando dos interesses da companhia. Mas muitos dos alunos de Beethoven consideravam inconcebível que uma mulher construísse pianos em pleno século XVIII, tornando Andreas um construtor e deixando Nannette em segundo plano.

Nascida em Augsburg, Alemanha, em 1769, Nannete foi a sexta criança de Johann Andreas Stein, um renomado fabricante de pianos que melhorou o mecanismo que lança os martelos sobre as cordas do piano. Esse mecanismo ficou conhecido como “Mecanismo Vienense”. Quando criança tocou para Mozart e aprendeu muitas das técnicas de construção desenvolvidas por seu pai.

Após a morte de seu pai em 1792, Nannette, então com 23 anos e recém casada, transferiu os negócios para Viena. Ela fez uma sociedade com seu irmão mais novo, Matthäus, e mudou o nome da empresa de J. A. Stein para Geschwister Stein (Irmãos Stein). Foi um tempo de grandes mudanças no design do piano. Com os concertos passando das pequenas salas da aristocracia para grandes salões, os fabricantes foram pressionados a desenvolver instrumentos mais ressonantes.

Beethoven que havia conhecido Nannette anos antes em Augsburg, pediu-lhe emprestado um piano para um concerto em 1796. Tempos depois, escrevendo para Andreas, o compositor brincou que era um instrumento “bom demais” para ele e que soava como uma harpa.

Em 1809, Nannette havia remodelado consideravelmente o design original de seu pai, desenvolvendo um dos pianos mais largos e sonoros de Viena. Com um depósito que fabricava de 50 a 65 pianos de concerto por ano, a companhia Streicher foi considerado uma das mais refinadas da cidade.

Em 1812, os irmãos construíram uma sala de concerto com capacidade de 300 lugares ao lado de sua loja de piano. O espaço era decorado com bustos de pianistas conhecidos, entre eles, Beethoven. Os concertos que aconteciam ali atraíram grande público e o espaço tornou-se parte indispensável da vida musical em Viena.

Nannette morreu em 1833, com 64 anos. A empresa continuou sob os cuidados de seu filho Johann Baptiste e depois passou para seu neto Emil, que construiu pianos para Brahms. Quando Emil se aposentou, a empresa fechou. No entanto, os instrumentos de Nannette continuam vivos em museus. Além disso, durante o século XX, mulheres como Margaret Hood e Anne Acker especializaram-se em reproduzir os instrumento criados por Nannette.

Réplica de um piano Streicher de 1816, começado por Margaret Hood e concluído por Anne Acker.

Esse é um artigo do jornal The New York Times e você pode lê-lo na íntegra acessando o link: https://www.nytimes.com/2020/11/06/arts/music/beethoven-piano.html?searchResultPosition=1.

Até a próxima!

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